indexlcomunicación | nº 9 (3) 2019 | Páginas 93-114
E-ISSN: 2174-1859 | ISSN: 2444-3239 | Depósito Legal: M-19965-2015
Recibido el 21_08_2019 | Aceptado el 30_09_2019 | Publicado el 16_11_2019
https://doi.org/10.33732/ixc/09/03Avidap
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−
Cláudia María Arantes de
Assis
clauarantes@hotmail.com https://orcid.org/0000-0002-5019-8110
Roberta
Scheibe
robertascheibe@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-5152-4854
Universidade Federal do Amapá
−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−
Para citar este trabajo: Arantes de Assis, C. M. y Scheibe, R. (2019). A vida propagada na TV: Ressignificações de temáticas e consumo no cotidiano de jovens da periferia da Amazônia brasileira. index.comunicación, 9(3), 93-114. https://doi.org/10.33732/ixc/09/03Avidap
Resumo: Este artigo reflete como jovens
ressignificam apanhados multiculturais televisivos em outras mídias, a partir do cotidiano em que estão imersos e da sociedade e da mídia na qual fazem parte, a partir de duas pesquisas realizadas na Amazônia
brasileira, uma em âmbito nacional e outra local, mais especificamente em uma área periférica da capital
do Amapá, Macapá. A pesquisa na área periférica que ocorreu em 2014 ganha, neste artigo, novas problematizações e dimensões
analíticas que se convergem nos imperativos de
consumo televisivo e seus contextos sociais, culturais, econômicos e tecnológicos. Este texto baseia-se
nos artefatos teóricos, sobretudo,
de Martín-Barbero, Clifford Geertz
e Stuart Hall para embasar o uso de veículos midiáticos frente ao público específico jovem, em contexo amazônico. Palavras-chave: Culturas; televisão; jovens; experiência; Identidades.
Resumen: Este artículo refleja cómo los jóvenes vuelven a significar sus percepciones multiculturales utilizandose la televisión como medio. Eso acontece desde la vida cotidiana en la que están inmersos y desde la sociedad y los medios en los informan, a partir de dos investigaciones realizadas en la Amazonía brasileña, una a nivel nacional y otra a nivel local más específicamente en un área periférica de la capital de Amapá, Macapá. La investigación en el área periférica ocurrió en 2014 y fue presentado en este artículo. Además, nuevas problematizaciones y dimensiones analíticas que convergen en los imperativos del consumo de televisión y sus contextos sociales, culturales, económicos y tecnológicos. Este texto está basado en teóricos, sobre todo, Martín-Barbero, Clifford Geertz y Stuart Hall para apoyar el uso de los medios de comunicación para los jóvenes en el contexto amazónico. Palabras clave: cultura; televisión; jóvenes; experiencia; identidades.
Abstract: This article reflects how young people
re-signify their
multicultural perceptions using
television as a medium. This occurs from the daily life in
which they are immersed and from the society and media they are part of. This
is studied from two researches conducted in the Brazilian Amazon, one
nationally and the other locally, more specifically in a peripheral area of the
capital of Amapá, Macapá.
The research in the peripheral area took place in 2014 and hints, in this
article, new problematizations and analytical dimensions that converge on the
imperatives of television consumption and their social, cultural, economic and
technological contexts. This text is based on different theoretical frameworks,
notably Martín-Barbero’s, Clifford Geertz’ and Stuart
Hall’s, which provide tools to analyse the use of
media in front of the specific young audience in the Amazonian context. Keywords: Cultures; Television;
Young; Experience; Identities.
Este artigo imerge em temáticas que problematizam as
novas necessidades de consumo televisivo de acordo com contextos sociais, culturais, econômicos e tecnológicos. Procuramos refletir
como os jovens ressignificam
os apanhados multiculturais
televisivos em outras mídias, de acordo com o cotidiano em
que vivem e a sociedade e a
mídia em que fazem parte.
As atuais práticas sociais de jovens ultrapassam as barreiras cotidianas do espaço-tempo
físico de estar em frente à televisão
em tempo e horários
previamente estipulados. Agora, os jovens mergulham em realidades virtuais com tempo-espaço próprios e emaranhados de possibilidades de leituras de múltiplas linguagens: Canais no YouTube, textos em
páginas da web, áudios e redes sociais
que dão vozes a quem quiser falar.
Teias e malhas (Ingold, 2012), ou seja, não são
redes lineares, são teias com construções intercambiadas de
informações e relacionamentos
que se inventariam com memórias, novos meios de viver e pensar, ideologias e poderes. Estas transformações
das sociedades cotidianas trazem à tona novas culturas, identidades e
diversidades culturais (cf. Hall, 2006; Bauman, 2001), moralidades próprias
(Bauman; Donskis, 2014) e experiências (Barbero, 2002).
Deste modo, faremos uma
breve reflexão acerca dos temas postos,
bem como uma ponderação sobre a televisão e os
jovens. Nossa prioridade, no entanto, é nos debruçarmos na análise geral de uma pesquisa sobre dados
alusivos à Comunicação em âmbito nacional – e que abarca a realidade
estadual, e de uma pesquisa local feita
com jovens residentes em um conjunto habitacional de
área periférica no estado do Amapá, na Amazônia
brasileira, na capital Macapá; ambas
as pesquisas foram realizadas em 2014.
A Cultura, segundo Ruth Benedict
(1972), é a lente pela qual vemos o mundo. Em cada lugar, há lentes
diferentes usadas por pessoas de culturas diversas.
Logo, entre muitos autores e conceitos
de cultura, usaremos a abordagem das teorias idealistas de que a cultura é um
sistema simbólico. Para Clifford Geertz
(1989), a cultura é um conjunto de mecanismos de
controle, instruções, regras
e receitas para organizar e
administrar comportamentos. As pessoas
podem ser socializadas em qualquer cultura existente; ocorre
que a amplitude de possibilidades
e significados estão limitados aos
contextos sociais e culturais
da região em que elas são criadas. Logo, inseridos
em culturas, indivíduos,
que são atores membros do
sistema cultural, compartilham símbolos e significados.
Portanto, culturas criam valores, simbologias
e partilham determinadas formas de conhecimento. As culturas não estão postas; elas são produzidas. Sob este aspecto do ato de compartilhar,
Giovanni Sartori (2001) argumenta que os indivíduos são agentes culturais, ativos no processo de produção da cultura, seres plurais
que compartilham, produzem
e recebem significados em
grupos de pertencimentos.
Produzir, receber e transmitir significados possibilitam a questão da experiência. Este conceito,
elucidado neste artigo, refere-se
às discussões de Joan Scott
(1999) que percebe as possibilidades políticas das experiências por meio de um processo de conhecimento identitário. Já pela palavra “política”, entende-se que todas as nossas práticas sociais envolvem posicionamentos micropolíticos
(SÁ, 2010). Logo, fatos, sofrimentos, problematizações, catástrofes, alegrias,
consumos, produções culturais
criam posições e possibilidades micropolíticas em que o sujeito se posiciona
reverberando suas identidades e agenciamentos.
Assim como se produz cultura, se produzem
identidades plantadas em espaços-tempos
próprios, cientes do processo de mudanças vividas pelo
mundo que descentram e deslocam
estruturas até então
estabilizadas. Nesta descentração
se rediscutem diferentes paisagens
sociais, culturais e morais e se proliferam sujeitos fragmentados e modernos (Hall,
2006) inseridos em contextos globais, mas pertencidos ao local social e
cultural.
O sujeito inserido em um processo
de significações, agente de experiências
e de identidades, assume diferentes posições do sujeito de acordo com as práticas
sociais e momentos no espaço-tempo.
Stuart Hall chama estas mudanças do indivíduo no espaço-tempo de “desalojamento do
sistema social” (Hall, 2006, p. 15). Segundo os pressupostos
de Hall, assim como de Bauman
(2001), o sujeito está cada vez mais
individualista e encravado em
caos, gerando vidas e experiências
de insensibilidade e sem
sentido e falta de compreensão
com relação ao sofrimento da alteridade (Donskis, 2014). A
estas perdas de memória, de
observação da realidade, de
capacidade de entender o outro,
de vida descartável e de individualização,
Bauman e Donskis chamam de “insensibilidade moral”
(2014, p. 23).
Dentro deste processo de desalojamento do
sistema social e situado em fronteiras
diversas de práticas sociais,
a Comunicação é vista como um
componente importante de socialização. Entendemos que
o que é produzido e enviado aos
receptores pelos mais diversos meios
de comunicação é entendido, assimilado,
refletido, problematizado e recriado pelos
receptores, que são ativos
na ressignificação dos apanhados
multiculturais lançados
pelas mídias. Nesta zona de
interação o receptor é um sujeito micropolítico que
experiencia possibilidades e compreensões
à luz do seu próprio processo de significações. Os leitores de múltiplas linguagens percorrem trajetos e malhas (Ingold, 2012), assim como percursos fazendo “elos associativos” (Neto, 2002,
p.200) baseados em seus arcabouços de experiências e saberes da criativa
vida cotidiana, elaborando discursos e contextualizações.
Os sujeitos produzem
sentido e se relacionam com os meios e com o mundo, por meio da sociedade e demais atores sociais (Martín-Barbero, 2002, p. 54).
Nilda Jacks (2002,
p.152), que estuda as teorias
da recepção, argumenta que dentro desta
acepção de entender o receptor como um ator social ativo no processo de significação, houve uma aproximação ainda maior do que se entende por cultura e comunicação,
tornando os processos de mediação
como objeto de estudo. Neste
sentido, as práticas sociais
e comunicacionais dos sujeitos
são realizadas em quatro dimensões: a doméstica, a
do trabalho, a da cidadania
e a da mundialidade (Santos apud
Jacks; Tufte, 1998). Logo,
é uníssono entre autores, como Santos (2000),
Wittgenstein (1953) Jacks e Tufte
(1998), Geertz (1989), Thompson (1998) e Gontijo (2004) que a recepção dos
produtos, midiáticos ou não, envolve
interpretação e produção de
sentido baseadas em comportamentos, significados culturais
– incluindo valores morais
e religiosos -, língua, linguagens,
contextos sociais e históricos.
É de comum acordo entre pesquisadores que hoje a televisão não figura mais como o meio de comunicação que domina a audiência e o preferido no roll de fascinação
da população. No ano de 2019, por exemplo,
a televisão disputa espaço com ela mesma,
no relacionamento entre canais
abertos e canais pagos; e
duela com aplicativos que a um
custo muito baixo oferecem filmes e séries mundiais disponíveis ao assinante, no tempo e no espaço estipulado pelo próprio
receptor, sem depender dos horários
previamente estipulados pelo modo de produção e distribuição da televisão
tradicional. Nestes moldes estão
disponíveis no Brasil serviços
de streaming [1] de conteúdo como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Go,
Crackle da Sony, Itunes
Store, entre outros. Além destes serviços de streaming, os receptores da televisão
dividem seu tempo entre o
que assistem na tela de TV e as redes sociais [2] e podcasts [3].
Mesmo assim, a televisão
permanece como um meio
popular, com atrações, sobretudo de cultura popular, como telenovelas, programas musicais e formatos de programas realizados com pessoas desconhecidas
que passam a ter seu
cotidiano exposto ao vivo
na televisão. E estas programações
pautam as outras mídias. Neste sentido, a afirmação de Martín-Barbero ainda
é atual:
Quer nos encante ou nos dê asco, a televisão constitui hoje, ao mesmo tempo o mais sofisticado dispositivo de moldagem e deformação da cotidianeidade e dos gostos dos setores populares, e umas das mediações históricas mais expressivas de matrizes narrativas, gestuais e cenográficas do mundo da cultura popular – entende-se por este, não as tradições específicas de um povo, mas sim a hibridação de certas formas de enunciação, certos saberes narrativos, certos gêneros novelescos e dramáticos das culturas do Ocidente e das culturas mestiças de nosso país (Martín-Barbero, 2002, p.68).
Deste modo, entendemos a televisão como um resumo de diferentes contextos e
culturas que faz parte do cotidiano de boa parte da população.
No entanto, também
acreditamos que os receptores sabem o que querem ver, e intercambiam conteúdos recebidos com suas experiências
de significações.
A
juventude, possivelmente, é
a fase em que o indivíduo mais é sobrecarregado de informações, de maneira geral. No entanto, é difícil determinar o que é juventude,
e como esse termo está atrelado
à adolescência. Por conta disso, para este trabalho,
levamos em consideração a definição de Sandström (1975)
sobre o que é ‘juventude’ e de Edgar Morin (1997) sobre ‘adolescência’.
Para Sandström (1975, p.232):
as modificações na sociedade, durante o século atual, fizeram com que a puberdade passasse a ocorrer mais cedo. Mas, ao passo que a maturidade física tem chegado em idades cada vez mais precoces, a idade em que a maturidade social é atingida se tornou constantemente mais elevada.
Nesse sentido as ideias de Sandström
apontam para uma conexão entre construção
psicológica e física dos jovens.
Já para Morin (1997,
p.153), adolescência “é de fato, a idade de busca individual da iniciação,
a passagem atormentada e de uma
infância que ainda não acabou e uma
maturidade que ainda não foi assumida”. Perebemos então que a adolescência é
o período de transição entre a fase infantil e a fase
adulta de cada pessoa, com um viés de amadurecimento
mais psicológico do que físico. Além
do mais, não podemos
desconectar do ser humano os anseios, medos, desejos e vontades, pontos incrínsecos ao indivíduo como um habitante
formal de seu próprio corpo e dos espaços que ocupa.
Sobre isso, Geertz afirma
que:
tornar-se humano é tornar-se individual, e nós nos tornamos individuais sob a direção dos padrões culturais, sistemas de significação criados historicamente em termos dos quais damos forma, ordem, objeto e direção às nossas vidas [...] Assim como a cultura nos modelou como espécie única - e sem dúvida ainda nos está modelando - assim também ela nos modela como indivíduos separados. É isso o que temos realmente em comum – nem um ser subcultural imutável, nem um consenso de cruzamento cultural estabelecido (Geertz, apud Marques, 1989, p.64).
Dessa forma, notamos através das palavras
de Geertz que o indivíduo
busca, ao longo de sua
vida, sua individualidade, seu propósito, a partir de seu conhecimento de mundo. E, a partir disso,
constrói e reconstrói seu ponto de vista através de suas experiências, que, para
Marques (2004) [4], “o
sentido tem como condição primeira constituir os próprios
sistemas de significações e de valores sociais, culturais e políticos de
uma dada sociedade”.
Esse sentido de existência que o indivíduo
busca ao longo da vida através
das experiências, possui uma pré-definição feita por Marques (2004), que a denominou
de ‘Fundo Arcaico’. Esse Fundo Arcaico é um conhecimento primário, no entanto é possível melhorá-lo. Assim, cada indivíduo possui uma bagagem
cultural pré-adquirida, mas com
a vivênia e novas experiências
é possível aprimorar essa bagagem cultura. Utilizando
as palavras de Baccega “é
no processo de educação, sobretudo por meio da palavra, que ‘recebemos’ as análises
da realidade feitas pelas gerações anteriores, os comportamentos,
os estereótipos, os modos de ver e de pensar” (2003,
p.95).
No entanto, sabemos que
a compreensão de mundo é incrínseca
a cada indivíduo, conforme as significações
das experiêncas colhidas durrante a vida, como já mencionado.
O que pode gerar indivíduos
com diversas tonalidades de comportamentos,
uma vez que:
no mundo de discursos sociais dos vários campos com os quais interagimos, nós nos tornamos sujeito(s) de cada um deles. Por isso dizemos que cada “eu” é sempre um conjunto de “eus” de que nos apropriamos e que transformamos em nossos discursos, dando-lhes a condição de maior ou menos originalidade (Baccega, 2003, p.98).
Nesse sentido, é através das interações
entre indivíduos, a socialização
e compartilhamento de expectativas e conhecimentos com diversos grupos
faz com que os jovens percebam certas proximidades ou distanciamentos com determinados grupos sociais e
culturais. Nesse sentido, é
interagindo com indivíduos e grupos que os jovens
se adequam ao ‘clã’ que melhor o define. Dessa forma, “os processos
culturais estão intimamente vinculados com as relações sociais, especialmente com as relações e as formações de classes, com as divisões sexuais, com a estruturação racial das relações sociais e com as opressões de idade” (Johnson, 2000, p.13).
Uma vez entendido os preceitos de juventude, adolescência e jovens, voltamos para a análise sobre a influência dos veículos de comunicação na vida
deles, especialmente a televisão.
A televisão nada mais é do que um apanhado de fatos e estilos de
vida que buscam representar a realidade,
no entanto isso acontece de
maneira fragmentada, por conta
da edição das imagens, posicionamentos de câmeras,
recortes, seleções de imagens
e áudios e uma série de factores técnicos embutidos no fazer
televisivo (Baccega, 2003).
No entanto, a tentativa
de representação do real pode, muitas
vezes, conotar aos mais diversos públicos,
estilos de vida e novos conceitos.
E uma parcela bastante atingida são
os jovens, exatamente por estarem constantemente em formação e em busca de experiências para construir seu
rol de habilidade e conceitos
próprios.
Absorvendo esse apanhado
multicultural televisivo, o jovem reorganiza seus conceitos pré-estabelecidos e os aprimora. Essa ressignificação de interesses os torna, de certa
forma, locutores, pois eles se apropriam
de novas ideias e refuncionalizam
as antigas, tornando-se assim
disseminadores de novos pensamentos e conceitos. Sobre isso, Johnson (2000, p.34) diz
que “esses
reservatórios de discurso e significados constituem,
por sua vez, material bruto para uma nova produção cultural. Eles estão, na
verdade, entre as condições especificamente culturais de produção”.
No entanto, não podemos negar que a televisão
é um grande propagador de ideias,
“a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e a família o processo educacional, tendo-se
tornado um importante agente de formação”
(Baccega,2003, p.95). Além do mais é possível verificar a relevância
da TV no processo de comunicação
e interferência no convívio,
cultura e ideologia do indivíduo.
A supremacia da televisão
sobre os outros veículos de
comunicação é apontada nas palavras de Dominique Wolton (1996, p.25) ao dizer que “ela até mesmo leva
vantagem em relação aos demais
agentes: sua linguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o
tempo de exposição das pessoas
à televisão costuma ser maior do que o destinado à escola
ou à convivência com os pais”.
Além da ágil linguagem das informações
televisionadas encontramos as imagens
cuidadosamente selecionadas feitas
para mexer com o imaginário das pessoas,
especialmente os jovens que, para Morin
(1999), buscam formar sua personalidade. Nesse aspecto,
Fischer (1999) acredita que “Aprendemos com ela desde a forma de olhar e tratar
nosso próprio corpo, até modos de estabelecer e
de compreender diferenças: diferenças de gênero (isto é, na TV aprendemos todos os dias
como “são” ou “devem ser” homens e mulheres), diferenças políticas”.
Por outro lado, o interesse da televisão em públicos jovens acontece há anos. A difusão midiática da cultura juvenil adolescente começou por volta de 1955, com a criação de filmes sobre ‘jovens heróis’ que buscavam sua autenticidade impondo suas vontades sobre as dos adultos. Atores como Marlon Brando e James Dean estavam no topo da programação juvenil da época. E, a partir de então, cresceu cada vez mais esse tipo de programação voltado à cultura jovem. Para Morin (1997, p.139) “a nova cultura adolescente – juvenil tem, assim dois pólos e a partir desta bipolaridade se efetiva uma espécie de eletrólise em que se cria algo de misto, que se difunde no conjunto do mercado juvenil”.
Portanto, não é complicao perceber que no campo dos receptores, a juventude
é fonte essencial, visto
que serão, no futuro, formadores de opinião e colaboradores para o desenvolvimento
do país. Todavia, dentro do cenário
social do país, os jovens se fazem
presentes no que constitui a formação
civil e cidadã, uma vez que
podem votar a partir dos 16 anos.
A televisão foi introduzida no Brasil na
década de 1950. Naquela época, o aparelho
de TV era visto como uma novidade
e objeto que conotava status [5], mas com o passar do tempo a televisão passou a fazer parte do dia-a-dia de millhões
brasileiros. Fato esse que ajudou
a moldar padrões estéticos, determinando valores, comportamentos e estilos de vida. Sobre isso,
Ellis Cashmore (1998, p.17) ressalta
que “A TV pode ser considerada a invenção que refletiu, moldou e recriou a cultura do século XX.
Por ser um meio incomparável de informação e formação, além de ser envolvente
e acessível”.
Durante a implantação da
TV no Brasil, o número de televisores em cada residência era pequeno devido ao alto preço do aparelho. Mais tarde, contudo, este veículo de comunicação passou a ter um preço cada vez mais acessível. Esse fato possibilitou uma expressiva ampliação de vendas de
televisores. As famílias passaram
a ter mais de um aparelho em casa e a TV passou a ser o veículo da mídia com maior
penetração em todos os
segmentos sociais no Brasil. Júlio
Pinto (2002), ao fazer uma reflexão sobre a imagem no mundo contemporâneo, disse que o fascínio provocado
pela televisão se deve ao fato de ela trabalhar com aspectos pontuais da realidade, o que gera no telespectador, muitas vezes, a impressão de que ele
está vendo a realidade propriamente
dita e não uma representação dos fatos. Para Júlio
Pinto (2002, p.61):
Vivemos hoje, inegavelmente sobre o jugo das imagens. Elas nos chegam o dia todo, e nos assaltam por todos os lados: os outdoors, o cinema, a fotografia, o videogame, o computador, a multi-mídia e, principalmente, e desta ninguém escapa, a televisão. É um veículo poderoso a televisão. O seu poder e o seu fascínio vêm, acho eu, da densidade e do caráter de representação verdadeira de que se reveste a imagem na telinha.
Essa colocação do autor reforça
a ideia de que há uma relação recíproca entre mídia e sociedade. Esse pensamento é também defendido por Fischer (1999), que diz que a televisão tem como referencial a vida cotidiana. Para a autora, a televisão processa quase tudo do que acontece no tecido social, fazendo com que tudo seja
contado, apresentado e tenha
sido significado por ela.
E nesse cenário, o que a TV apresenta muitas vezes é reflexo da vida cotidiana. Para Eugênio
Bucci (1997, p. 29), “aquilo que o telespectador vê na tela emerge não apenas da
tela em si, mas também de
algo que ele, telespectador, já estava
demandando antes”. Para o
autor, a TV é mostrada como um veículo
que se reduz apenas a transportar conteúdos,
servindo como um meio de passagem entre o emissor e o receptor. Para alguns
autores, a televisão é considerada o meio pelo qual a informação atinge os telespectadores, e a informação é a mensagem recebida. Dessa maneira, a decodificação da informação recebida depende de fatores sócio-culturais. Nas palavras de Umberto Eco:
Existe, dependendo das circunstâncias sócio-culturais, uma variedade de códigos, ou melhor, de regras de competência e interpretação. A mensagem tem uma forma significante que pode ser completada com diferentes significados. […] Assim, havia margem para a suposição de que o emissor organizava a imagem televisual com base em seus próprios códigos, que coincidiam com aqueles dominantes, enquanto os destinatários a completavam com significados “aberrantes”, de acordo com seus códigos culturais específicos. […] aprendemos uma coisa: não existe uma Cultura de Massa no sentido imaginado pelos críticos apocalípticos das comunicações de massa, porque esse modelo compete com os outros (constituídos por vestígios históricos, cultura de classe, aspectos da cultura transmitidos pela educação), etc. (Eco, apud Gontijo, 2004, p.402).
Com esse
posicionamento o autor sustenta a ideia de que há interpretação por parte do
telespectador à mensagem recebida.
E também de que há uma variante do emissor que formulou tal mensagem. Num mundo globalizado, que possibilita
informação através de qualquer canal de comunicação a qualquer pessoa, a televisão se destaca nesse papel.
É na TV que os brasileiros se informam a respeito dos acontecimentos do
cotidiano.
No Brasil, a televisão
ocupa lugar especial nas casas das pessoas. Segundo dados da Pesquisa
Brasileira de Mídia [6], de 2016, a televisão é
o vículo de comunicação mais usado no país (63%), seguido da internet (26%).
Muitas vezes, a primeira coisa que fazemos ao entrar em casa é ligar a televisão. Costumeiramente ‘ela’ é uma companheira
que informa e distrai. A preferência
pela TV pode estar vinculada ao fato de que ela informa com palavras e imagens. De acordo Rezende (2000, p.31):
Essa ação hipnótica exercida pela Tv pode fazer com que um telespectador, inicialmente com a intenção de ver só um programa determinado, passe toda uma tarde ligado em um fluxo de imagens de gêneros de programas diferentes. A sensação de encantamento despertada pela experiência visual seria, por si, suficientemente compulsiva para mantê-lo preso diante do televisor.
O tipo de linguagem
utilizada na televisão, também
é um diferencial, pois, atrai o público que busca informação
e entretenimento em um mesmo veículo.
Considerando que num
mundo globalizado, que disponibiliza informações a quem queira estar informado, é possível
que os jovens participem e busquem informações de diversos
segmentos.
Contudo, é possível entender que o jovem
de hoje não é mais aquele que não se encontra dentro da sociedade. Pelo contrário, muitos jovens se preocupam com os acontecimentos a sua volta, e com a repercussão que esses acontecimentos podem dar à sua vida. É na juventude que esse indivíduo firma sua personalidade e começa a se
preocupar com o mundo exterior. Esse
processo se dá de várias formas, como por exemplo,
pela cobrança dos pais pela
busca de um futuro melhor
para seus filhos; pelo amadurecimento precoce e pelo desenvolvimento do indivíduo, dentre outros diversos fatores. Dessa maneira:
Nem sempre é fácil discernir a lógica que cerca o processo de veiculação das atrações televisivas voltadas para o público jovem, geralmente pulverizadas em grades de programação que pautam seus conteúdos a partir dos interesses da audiência adulta e, em grau bem menor, da infantil. Apesar desse contexto pouco amigável, a tevê brasileira já acumula um significativo leque de experiências bem sucedidas na busca por uma maior identidade com a adolescência e juventude (Bucci e Kehl, 2004, p.83).
Antes de mais nada é
preciso deixar claro os métodos e procdimentos
adotados para a construção deste trabalho. A presente
pesquisa se desdobra entre pesquisa qualitativa e qualitativa. A
pesquisa quantitativa refere-se
ao resgate e a apresentação de dados sobre as pessoas
que são objeto de estudo deste artigo e a parte qualitativa
está diretamente ligada ao processo etnográfico realizado para melhor
compreensão e aprofundamento
no universo do nosso objeto de estudo.
Por conta disso, e para um melhor detalhamento
e possíveis esclarecimentos,
foi usada a pesquisa descritiva
como forma de guiar a coleta dos dados e etnografia ao encontro dos objetivos do trabalho.
Inicialmente, para problematizarmos
a significação cultural entre os jovens,
vamos aqui resgatar dados
sobre o Amapá a partir de duas pesquisas realizadas em 2014.
A primeira delas diz respeito
a uma pesquisa nacional coordenada por Nilda Jacks e organizada por Mariângela
Toaldo (2014). O Brasil foi
levantado em dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em
contextos regionais, baseando-se
em fontes confiáveis como IBGE e em
pesquisas pontuais realizadas pela equipe. Cada
estado da federação teve uma equipe que levantou os dados em cada estado brasileiro.
No Amapá a pesquisa foi
coordenada pela Prof. Dra. Isabel Regina Augusto. Nesta
pesquisa, primeiramente a equipe resgatou
dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 de que há,
no Amapá, 33,10% de crianças de 0 a 14 anos, 21,17%
de jovens de 15 a 24 anos, 40,52% de adultos de 25 a
59 anos e 5,18% de idosos de 60 anos ou mais, como mostra
o gráfico abaixo.
Gráfico 1. Dados do Cennso demográfico do IBGE 2010.
Fonte: www.ibge.gov.br.
No que tange a dados
apenas sobre jovens, objeto deste
estudo, 10,63% são nascidas
mulheres, 10,55% são
nascidos homens. E desses,
4,97% é formada por brancos, 1,88% por pretos, 0,24% por amarelos,
13,84% por pardos, 0,25% por indígenas, conforme o gráfico 2.
Gráfico 2. Característica de cor da pele.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
89,77% da população
brasileira vive na zona urbana (destes, 19,17% são jovens) e 10,23% na zona
rural (destes, 2,00% são jovens. A renda nominal mensal – soma dos rendimentos
contabilizada em pessoas de
10 anos ou mais de idade -, é de 7,17% com renda até
½ salário mínimo [7], 19,54% com mais de ½ salário mínimo, 13,31% mais de 1 a 2 salários mínimos,
9,50% mais de 2 a 5 salários
mínimos, 3,83% mais de 5 a 10 salários
mínimos, 0,93% mais de 10 a 20 salários
mínimos, 0,30% mais de 20 salários
mínimos, 45,41% sem rendimento
(Jacks; Toaldo, 2014,
p.57), como é possível visualizar no gráfico abaixo.
Gráfico 3. Renda mensal por pessoa a partir de 10 anos.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
Sobre religião, 63,55%
se declaram Católicos Apostólicos Romanos, 20,91%
Evangélicos de Origem Pentecostal, 4,34% Evangélicos não determinados, 5,79% Não tem religião definida, e o
restante se divide entre as demais religiões [8], conforme é possível
visualizar no gráfico abaixo.
Gráfico 4. Religião dos pesquisados entre 0 a 60 anos. A pesquisa é do IBGE, do Censo Demográfico de 2010.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
Com relação ao nível de instrução, a partir dos
10 anos de idade, 47,52% não
tem instrução e ensino fundamental incompleto, 17,50% tem
ensino Fundamental completo e médio
incompleto, 27,26% tem ensino
Médio completo e superior
incompleto, 6,96% possui curso superior completo, e
0,67% não determinado (Idem,
p.59).
Gráfico 5. Nível de instrução a partir dos 10 anos.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
É necessário enfatizar
que o estado do Amapá tem 21 emissoras
de rádio, destas 02 estatais, 14 privadas e cinco emissoras educativas; tem 09 emissoras de televisão, todas de natureza privada. Há seis jornais impressos e 02 revistas,
todos privados (Jacks; Toaldo,
2014, p.59).
Com relação a utilização
da internet em redes de ensino,
na distribuição dos estudantes
de 10 anos ou mais de idade, no período de referência
dos últimos três meses, segundo as Unidades da Federação e as Regiões
Metropolitanas de 2011 (Jacks; Toaldo,
2014, p.61), no Amapá, na rede pública de ensino
51,8% e na rede privada 98,1% utilizaram a internet.
Gráfico 6. Uso de internet nas escolas públicas e privadas.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
Na distribuição de pessoas
de 10 anos ou mais e idade, por condição de estudante e utilização da
internet, no período de referência dos últimos três meses em regiões
metropolitanas em 2011, 60,7% dos estudantes
utilizaram e 39,3% não utilizaram a internet. Do universo de não
estudantes, 31,5% utilizaram
a internet e 68,5% não utilizaram,
conforme mostra o gráfico abaixo:
Gráfico 7. Uso de internet por não estudantes.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
No que se refere a posse de telefone móvel, também no período de referência, e em pessoas com 10 anos ou mais, 56,7% utilizaram a internet e 43,3% não
utilizaram; e na condição
de não estudantes 69,2% utilizaram a internet por meio de
telefone móvel e 30,8% não utilizaram.
Gráfico 8. Uso de internet em telefone móvel por estudante.
Fonte: Nilda Jacks e Mariângela Toaldo – Brasil em Números: Dados para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais (2014).
A segunda pesquisa foi
realizada por Roberta Scheibe em
2014 para sua tese de doutorado.
A pesquisadora realizou uma etnobiografia no conjunto
habitacional Mestre Oscar Santos, localizado em área periférica de Macapá,
especialmente com a população
que vivia em uma favela de palafitas no centro
da cidade e vivenciou a tragédia do incêndio de toda área
de moradias. A partir de então,
estes moradores receberam moradias populares longe de seu lugar de pertencimento.
Durante a etnobiografia, Scheibe
realizou uma pesquisa qualitativa na parte do conjunto habitacional em que residiam os antigos moradores da área incendiada, a extinta Baixada Perpétuo Socorro.
Com a ajuda de seis alunos
da graduação em Jornalismo da Universidade
Federal do Amapá (UNIFAP), a pesquisa referente a índices econômicos
dos moradores foi realizada em
dezembro de 2014. Em todo o
conjunto habitacional há 528 residências.
Destas, foram pesquisadas
330 casas (62,5%), habitadas por moradores oriundos da área incendiada, que eram o foco do estudo.
Destas casas visitadas, 232 residências (70,3%) receberam os entrevistadores e responderam à pesquisa; 36 casas (10,9%) estavam fechadas e nenhum morador foi encontrado nem no dia da pesquisa, nem em nenhum dia da semana seguinte. 35 (10.6%) das casas, segundo os moradores do conjunto, estavam vazias; ou seja, “abandonadas”. Os proprietários legais fecharam as residências há meses e mudaram-se para outros lugares da cidade. Em 26 (7,8%) residências havia pessoas em casa, porém não quiseram responder a pesquisa, nem conversar com o entrevistador. Segundo os vizinhos nos informaram, estes que se negaram a responder eram compradores irregulares das residências, que compraram dos moradores que foram beneficiados pelos programas governamentais, situação que não era permitida (Scheibe, 2017, p. 57).
1.084 pessoas residiam nas casas entrevistadas em 2014. Destas residências, 570 pessoas são nascidas do sexo feminino e
514 pessoas nascidas do sexo masculino. Ainda dentro deste universo, 385 são crianças de 0 a 13 anos (Scheibe, 2017).
Tabela 1. População residente em gênero e números.
População residente em cada casa |
Masculino |
Feminino |
Crianças* |
Uma (01) pessoa por casa – 04 casas |
1 |
3 |
0 |
Duas (02) pessoas por casa – 20 casas |
17 |
23 |
3 |
Três (03) pessoas por casa – 46 casas |
58 |
79 |
32 |
Quatro (04) pessoas por casa – 51 casas |
103 |
100 |
73 |
Cinco (05) pessoas por casa – 59 casas |
142 |
163 |
115 |
Seis (06) pessoas por casa -19 casas |
56 |
57 |
54 |
Sete (07) pessoas por casa – 12 casas |
44 |
43 |
37 |
Oito (08) pessoas por casa – 9 casas |
39 |
39 |
31 |
Nove (09) pessoas por casa – 8 casas |
29 |
34 |
25 |
Dez (10) pessoas por casa – 1 casa |
4 |
6 |
4 |
Onze (11) pessoas por casa - - |
0 |
0 |
0 |
Doze (12) pessoas por casa - - |
0 |
0 |
0 |
Treze (13) pessoas por casa - - |
0 |
0 |
0 |
Quatorze (14) pessoas por casa – 1 casa |
5 |
9 |
6 |
Quinze (15) pessoas por casa – 2 casas |
16 |
14 |
5 |
Dezesseis (16) pessoas por casa - - |
0 |
0 |
0 |
População total de 230 casas – 1.084 |
514 |
570 |
385 |
*(0 a 13 ANOS) incluídas no público masculino e feminino
Fonte: SCHEIBE, Roberta. Tempos de chorar e de sorrir no espaço da morada: Um estudo socioantropológico de mulheres resistentes marcadas pela tragédia em Macapá-AP. Tese de Doutorado. Fortaleza: PPGS/UFC, 2016.
Do total de casas visitadas para a pesquisa – e que
a responderam, 194 casas estão
registradas no nome de mulheres,
27 residências em nome de homem e 11 casas no nome do casal.
Com relação ao estado civil das casas pesquisadas, em 92 residências há união estável, em 46 os entrevistados são casados, em 77 são solteiros, 11 separados e em seis residências são viúvos o/a morador. Mais de 50% das famílias vivem com renda entre 1 e 2 salários mínimos, e dependem de transporte público. Mais da metade das famílias não recebem ajuda financeira de bolsa. Das famílias que têm esta ajuda, o bolsa família é a principal fonte. Dos 699 moradores em idade para o trabalho (tirando crianças, aposentados e pensionistas), 348 pessoas trabalham em empregos formais ou informais. Destes, apenas 100 têm carteira assinada. Nas casas pesquisadas, em 175 casa há pelo menos um membro da família que estuda, em 170 casas os moradores pararam de estudar. Destes, 10% tem escolaridade entre 1ª e 4ª séries iniciais, 26% tem escolaridade de 5ª a 8ª série, e 21% tem o Ensino Médio completo. Os demais números se dividem entre ensino superior, maternal, analfabetos e sem idade para estudar (Scheibe, 2017, p. 57).
É necessário enfatizar que a pesquisa qualitativa
ocorreu em uma semana. No entanto, houve pesquisa de campo com a população pelo período de um ano e nove meses. Para tal, a pesquisadora,
na época, adotou o método da etnobiografia
(Gonçalves; Marques; Cardoso, 2012), que interage etnografia e biografia, utilizado para estudar
trajetórias e observações
cotidianas. Segundo Gonçalves, Marques e Cardoso, o
método proporciona “relações entre razão cultural, construção de personagens etnográficos e sujeitos
subjetivados” (Gonçalves; Marques; Cardoso, 2012,
p.09).
Neste sentido, na observação realizada a partir do
método escolhido, se ampliaram
trajetórias, ao mesmo tempo em que tomaram corpo experiências
individuais de agentes produtores
de identidades, subjetividades e culturas; com personagens que, ao narrar-se, ou ao serem observados, fornecem ao pesquisador
um direcionamento da realidade social, econômica e
histórica do local em que vivem.
Com relação aos jovens moradores do Conjunto habitacional Mestre Oscar Santos, percebeu-se,
por meio da pesquisa de dados e
da etnobiografia, que os jovens
vivem, dentro do conjunto habitacional, uma realidade própria,
de significação do próprio
contexto social e cultural em que estão
imersos. O nível de escolaridade é baixo. No período
da pesquisa, havia um
número alto de crianças fora
da escola, pois, devido a tragédia do incêndio de suas casas, após a mudança para o conjunto
habitacional houve falta de vagas nas
escolas da região e a antiga escola ficava
muito distante de casa.
Estes jovens ressignificam
os apanhados multiculturais
televisivos em outras mídias por meio do consumo de roupas, músicas e artefatos
tecnológicos; e novas maneiras de demonstrar suas identidades. Eles problematizam
determinadas questões oriundas da televisão
em seu universo de jovens pelas redes sociais (facebook e instagram), com acesso sobretudo
via celular.
Cada um interpreta seu mundo de acordo com suas significações.
Eles criam seu código próprio de símbolos partilhados
como membros de uma
cultura. Meninos jovens têm
práticas sociais voltadas para futebol, tacobol (uma espécie
de mistura entre basebol com
hóquei). Meninas criam seus próprios salões
de beleza, e voltam suas atividades para cuidados com cabelo, pele e roupas. Há, também,
rodas de conversas juvenis, sempre
pautadas pelas redes sociais ou
pela televisão. As principais
práticas sociais
televisivas são novelas, filmes e
programas policiais.
Se antes da mudança para
o conjunto habitacional, em torno de 15 quilômetros longe do centro de Macapá, as práticas aconteciam no centro da cidade,
no shopping central aos sábados tomando sorvete, batendo papo e guardando dinheiro para ir ao cinema, tudo a pé – porque a localização era
próxima – agora se transcende
a novas práticas depois de uma ruptura.
Na casa nova, no conjunto, com frota precária de ônibus – ou poucos ônibus
em horários nem sempre pontuais
-, muitas vezes sem o dinheiro do transporte, e com o medo de assaltos, há o imbricamento de diferentes práticas sociais entre televisão, redes sociais e relações sociais de conversas e esportes. Os jovens experienciam lugares praticados
(De Certeau, 2014), ou seja, produzem trajetos e criam afetos e significados aos novos espaços, evidenciando a noção de lugar. O corpo e a alma falam por meio de expressões e linguagens
(Wittgenstein, 1953) como os visuais, as roupas, as gírias, o padrão da marca de celular, das músicas da moda. Os
adolescentes se emanam em relações de sentido, práticas plurais e multiculturais. Filmes,
músicas, telenovelas e programas policiais
pautam as conversas nas calçadas do conjunto habitacional e nas
redes sociais redesenhando
cotidianos, com subjetividades reconfiguradas depois de uma tragédia.
Os jovens que não são envolvidos
com o tráfico de drogas são
os considerados “amamãezados” ou
“apapaizados”. No Conjunto Habitacional há alguns jovens
presos com maconha ou crack, alguns
consumindo, outros vendendo. Estes números são difíceis de serem expostos em pesquisas qualitativas, pois há um
código de silenciamento dos moradores. Os pesquisadores apenas percebem
esta movimentação depois de
um tempo vasto de pesquisa de campo. No entanto, no Conjunto Habitacional há
um controle maior dos filhos adolescentes do que na antiga
área central de moradia. “Ele vendia
droga (o filho de uma das interlocuroras da pesquisa de Scheibe).
Era crack, ele vendia dentro
da baixada (nome do local
de moradia). Ele era só a
bomba dos caras grandes. Como eu te disse, eles só pegam os filhos da gente. Eles são de classe alta, são traficantes grandes e moram
na cidade. Tão por aí. Eu nem sei
quem são.... ou sei até quem
são, mas em nome de Jesus, eu não vou
falar o nome deles”, disse.
Segundo os moradores mais
velhos, no antigo local de moradia uma parcela dos jovens extorquia roupas de marca, eletrodomésticos
e dinheiro dos vizinhos. Desfilavam, na Baixada Perpétuo Socorro tênis da Nike, boné da Adiddas, sandálias da Kenner, e roupas das marcas de classe média Starpolis e Tripé.
No conjunto habitacional Mestre
Oscar Santos, a moda popular da Kenner, Starpolis e Tripé ainda persiste. Estes
adolescentes se autodenominam de VASP (Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais).
Como um dia relatou uma moradora:
Mana, eles querem essas roupas porque é os ricos que usam. Eles querem se espelhar nos ricos, entendeu? Só usam sandália.... o menor preço de uma kenner é 50 reais. Uma starpolis é 100 reais, a mais barata é de 80. E a tripé é 100 reais uma bermuda. Então não é todo mundo que tem condições, e eles querem se mostrar que eles são igual os ricos. Na realidade é isso. Eles querem ser igual os ricos... Querem tá com chapéu, óculos, e é tudinho assim. A visão de um é a de outro. Porque o que o filho da vizinha quer o outro quer também (Scheibe, 2016, p. 98).
Há, nos jovens, um
consumo de descarte impulsionado pela televisão e pelas redes sociais.
Os jovens sofrem e lutam para ter o que a mídia mostra como moda. Por outro lado,
eles não tem percepção do sofrimento da alteridade para proporcionar aos filhos os seus desejos. Há, aqui,
uma padronização de consumo
da cultura dominante midiática da classe
média, que impõe marcas e,
por consequência, prolifera desejos,
dignidades, vontades, imposições
a jovens que vivem em uma dura realidade
social e econômica, mas que mesmo
assim não deixam de sonhar por meio da televisão. Redes Sociais e programas policiais os fazem vivenciar a realidade dos
amigos e dos vizinhos; mas
novelas e filmes os fazem sonhar
com o futuro.
“O que um comprou o outro também quer. Todo mundo quer ser igual. Só querem ter, não querem estudar e trabalhar pra ter. Os pais é que precisam trabalhar”, diz a mãe do menino que havia sido
preso na adolescência. É neste
ambiente de relações sociais
que os adolescentes estão envolvidos.
E tal lugar praticado determina um
comportamento padrão entre
eles (cf. Coleman, 1990). Assim como há jovens filhos
de pais trabalhadores
precarizados, como guardador de carros, diarista, carpinteiros,
garçons; há outros que sobrevivem de
programas sociais, e poucos
que vivem do crime. Alguns adolescentes são
estimulados por outros grupos sociais
a abandonar a vida de “amamãezado” e de “apapaizado” para ingressar em uma vida que lhes proporcione materialidade e
consumo, em sentir-se valorizado pelo outro em função
do capital e do consumo.
Os adolescentes do Conjunto Habitacional Oscar
Santos produzem uma “nova diagramação dos espaços e intercâmbios urbanos” por meio de
práticas de redes audiovisuais
(Martín-Barbero, 2002, p.67), estabelecendo vínculos
entre o que assistem e entre a experiência
criativa de proliferação da
informação dentro de um
tempo e espaço habitado.
Este artigo procurou
problematizar os jovens e a televisão,
bem como os emergentes imperativos de consumo
televisivo por parte destes jovens,
alicerçados em contextos
tecnológicos, sociais, culturais,
políticos e econômicos. Estes
jovens integram uma geração de múltiplas linguagens, que
transita em tempos e espaços
físicos e virtuais, e os hibridiza
em emaranhados de possibilidades: interage televisão com redes sociais, You Tube,
páginas da Web e aplicativos de podcast.
Percebemos que os jovens amazônidas
são conectados com internet
e assuntos de seu interesse. Tecem teias e malhas (Ingold, 2012), informativas em relacionamentos criados à base de interesses,
memórias e contextos em que
estão inseridos. Tem um estilo próprio de proliferar
poderes e ideologias. Transformam
o seu cotidiano ressignificando
questões culturais oriundas
da televisão e das redes sociais,
construindo suas próprias experiências.
Por meio das duas pesquisas realizadas, e através
da reflexão por meio da
literatura elucidada neste artigo, percebemos que os jovens estão inseridos em seu processo de significação cultural, apresentam-se
como sujeitos fragmentados e com
novas identidades, e são agentes de experiências mergulhadas na realidade em que vivem. São sujeitos que ratificam o pertencimento local,
no caso à Baixada Perpétuo
Socorro, e estão em construção de pertencimento ao novo lugar de moradia, o conjunto habitacional Mestre
Oscar Santos. Paralelamente, são agentes micropolíticos pertencidos ao local, mas imersos em contextos globais de economia, política e diversidades culturais.
De modo geral, percebemos que a baixa escolaridade da maioria dos jovens e de suas famílias sofrem influência direta de religiões que visitam o conjunto
habitacional e/ou da mídia
televisiva aberta e das redes sociais,
em programas que estão no
roll de suas preferências e
que incitam o consumo sob
diversas formas. Logo, são receptores ativos e agentes de reconstrução
dos fatos, no entanto, suas
influências e percepções de
mundo também estão
enraizadas nos problemas alusivos a falta de conhecimentos
específicos e formais da família,
bem como a problemas estruturais
das escolas públicas brasileiras. A maioria dos jovens não trabalha e são filhos de trabalhadores
precarizados que também possuem
baixo rendimento familiar.
Por meio dos produtos midiáticos, especialmente a televisão,
os jovens veem o mundo na versão do que lhes é mostrado e,
como cadeia de um processo, ressignificam o apreendido nos veículos midiáticos dentro de seu sistema
cultural, assumindo diferentes posições
do sujeito elucidadas em práticas sociais localizadas em contextos, espaços e tempos próprios.
A realidade dos jovens amazônidas, com foco específico em moradores
de um conjunto habitacional de Macapá,
no estado do Amapá, se ratifica em registros de experiências que apresentam a relação entre cotidiano, subjetividade
e também violência, no sentido
de violências físicas e sobretudo
simbólicas, impostas pelo Estado e pela alteridade.
São violências difusas (Barreira,
2008) que vêm de diversas esferas, como da ordem social impetrada, do outro
que se sente socialmente superior, das burocracias governamentais e até da ordem da polícia. É uma realidade de experiência micropolítica (Sá, 2009) de jovens do Amapá, residentes no Conjunto Habitacional Mestre Oscar Santos, em casas
populares pequenas; onde se
constroem agenciamentos
(Taylor, 2007) no lugar de moradia e nas práticas cotidianas de
sociabilidades, que envolvem os meios
de comunicação de massa e
as mídias digitais. Este
lugar de agências está imerso
em espaços de dificuldade de acessos físicos,
distante do centro, onde os jovens
são nomeados de “maus elementos”, “suspeitos”,
“criminosos”, “malacos”.
Este cenário micro, refletido neste artigo, mostra a realidade de parte de uma geração, bem
como a paisagem de uma cidade com ocupações
irregulares, muitos terrenos e
casas sem o registro formal das escrituras, e com lugares impróprios para moradia. Denota, também, um
visual urbano de habitação padronizada
e imposta por programas governamentais, com as violências difusas de
casas pequenas e distantes de lugares centrais para famílias numerosas,
sem transporte e sem dinheiro; ampliando uma situação de distanciamento
social. É por isso que, neste
micro cenário a televisão,
as redes sociais e as novas mídias
passam a ser tão
importantes. A televisão deixa
os jovens cientes do mundo,
e as redes sociais os fazem
participantes ativos deste processo; na tentativa de angariar
posições de respeito, admiração e consideração num ambiente de desigualdades.
baccega, M. A. (2003). Comunicação e educação: a contrução do campo. In Nas Telas da Mídia. Inês Ghilardi, M. & Heitor Barzotto, V. (org.) Campinas: Alínea e ALB, p.79.
Barbero, J. M. (2002). América e os anos
recentes: o estudo de recepção em
comunicação social. In: Souza, M. W. Sujeito,
o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense.
Barreira, C. (2008). Cotidiano
despedaçado: cenas de uma
violência difusa. Fortaleza: Edições UFC: Funcap:
CNPq-Pronex: Campinas: Pontes Ed.
Bauman, Z.; Donskis, L. (2014). Cegueira Moral: a
perda da sensibilidade na modernidade líquida. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Zahar.
Bauman, Z. (2001). Modernidade Líquida. 1ª ed. em Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Zahar.
Benedict, R. (1972). O Crisântemo e a espada:
Padrões da Cultura Japonesa. São Paulo: Editora Perspectiva.
Bucci, E. (1997). Brasil em tempo
de TV. São Paulo: Boitempo.
Bucci, E.; Kehl, M. R. (2004). Videologias. São Paulo: Boitempo.
Cashmore, E. (1998). E a televisão se fez. São Paulo: Summus.
Fausto Neto, A. (2002). Práticas midiáticas e espaço público. In: Souza,
Mauro Wilton. Sujeito, o lado oculto do receptor. São Paulo:
Brasiliense.
Fischer, R. M. B. (1999) Foucault e o desejável conhecimento do
sujeito. Educação & Realidade. Porto Alegre, UFRGS/FACED, 24(1):39-59, jan.-jun.
Geertz, C. (1989). A interpretação das Culturas. São Paulo: LTC.
Gonçalves, M. A.; Marques, R.; Cardoso, Vânia Z. (Orgs.) (2012). Etnobiografia:
subjetivação e etnografia. Rio de Janeiro: 7Letras.
Gonçalves, M.A. (2012). Etnobiografia: Biografia e
etnografia ou como se encontram pessoas e personagens. In: Gonçalves, M. A.; Marques, R.; Cardoso, V. Z. (Orgs.).
Etnobiografia: subjetivação e etnografia.
Rio de Janeiro: 7Letras.
Gontijo, S. (2004). O livro de ouro
da comunicação. Rio
de Janeiro: Ediouro, 2004.
Hall, S. (2006). A identidade cultural na pós-modernidade, DP&A Editora,
Rio de Janeiro, 11ª edição.
Ingold; T. (2012). Trazendo as coisas de volta à
vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Revista Horizontes
Antropológicos. Vol.18, n.37. Porto Alegre: Jan-Jun.
Jacks, N. (2002). Pesquisa de
recepção e cultura regional. In: Souza, Mauro Wilton. Sujeito, o lado
oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense.
Jacks, N; Toaldo, M. Brasil em Números: Dados
para pesquisas de Comunicação e Cultura em contextos regionais. Florianópolis:
Insular, 2014.
Jacks, N.; Tufte, T. (1998). Televisão, identidade e cotidiano: parte de um projeto integrado.
In: Rubin, Antonio
Albino C.; Bentz, Ione Maria G.; Pinto,
Milton José. Produção e recepção dos sentidos midiáticos. Petrópolis,
RJ: Vozes.
Johnson, R. (2000). O que é afinal, Estudos Culturais? In: Silva,
Tomaz T. da (Org. e trad.). O que é afinal, Estudos Culturais? Belo
Horizonte: Autêntica, 2000.
Marques, F.E.S.(2004).
As interações entre os media e a cultura: a produção do fundo arcaico e as
variações de sentido. In: RIBEIRO, L. M. Comunicação e sociedade: cultura,
informação e espaço público. Rio de Janeiro: E-papers.
Morin, E. (1997). Cultura de
massas no século XX: o espírito do tempo- neurose. 3° ed. vol. 1.
Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Morin, E. (1999). Cultura de
massas no século XX: o espírito do tempo: necrose. 9° ed. vol. 2.
Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Pinto, J. (2002). O ruído e outras inutilidades:
ensaios de comunicação e semiótica. Belo
Horizonte, Autêntica.
Resultados
Digitais. (2019). “Redes Sociais: Tudo sobre Instagram, Facebook,
Linkedln e mais”. Acesso em: 13 de abril de 2019.
Recuperado
de: www.resultadodigitais.com.br.
Rezende, G.J. (2000). Telejornalismo
no Brasil. São Paulo: Summus.
Sá,
L. D. (2009). Reflexões sobre o
trabalho de campo como empreendimento Micropolítico.
In: Mendonça Filho, M., and Nobre, MT., orgs. Política e afetividade: narrativas e
trajetórias de pesquisa [online]. Salvador: Edufba;
São Cristóvão: Edufes, 368 p. ISBN 978-85-232-0624-6.
Sartori, G. (2001). Homo-videns: televisão e pós-pensamento.
Tradução de Antonio Angonese.
Bauru, SP: EDUSC.
Scheibe, R. (2016). Tempos de chorar e de sorrir no espaço da morada: um
estudo socioantropológico de mulheres resistentes
marcadas pela tragédia em Macapá-AP. TESE de Doutorado em Sociologia.
Fortaleza: UFC.
Recuperado de: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/21872
Scheibe, R. (2017). Tempos de chorar e de sorrir no espaço da morada: um
estudo socioantropológico de mulheres resistentes
marcadas pela tragédia em Macapá-AP. Macapá: Unifap
Editora.
Scott, J.
(1999). Experiência. In: Silva, A.L.; Lago, M.C.S.; Ramos, T.R.O. Falas de gênero: Teorias, análises, leituras.
Florianópolis: Editora Mulheres.
Significados. (2019). “O que é Streaming?”.
Acesso em: 13 de abril de 2019.
Recuperado
de: www.significados.com.br.
Taylor, C. 92007). O que é agência humana?
In: Souza, J.; Mattos, P. (ORG) Teoria Crítica no século XXI. São Paulo: Anablume.
Thompson, J. B. (1998) A mídia e a
modernidade: uma teoria social da mídia. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes
Wittgenstein, L. (1953), Philosophical investigations.
Edição de von Wright, G.H. e Anscombe,
G.E.M. Oxford, Basil Blackwell.
Para citar este trabajo: Arantes de Assis, C. M. y Scheibe, R. (2019). A vida propagada na TV: Ressignificações de temáticas e consumo no cotidiano de jovens da periferia da Amazônia brasileira. index.comunicación, 9(3), 93-114. https://doi.org/10.33732/ixc/09/03Avidap
[1] Streaming é uma tecnologia que envia conteúdos e informações multimídias, por meio de transferência de dados pela Rede Mundial de Computadores (Internet). (SIGNIFICADOS, 2019).
[2] Estruturas compostas por pessoas e organizações, na internet, que estão conectadas umas às outras e que se relacionam, trocando experiências, valores e interesses em comuns (RESULTADOSDIGITAIS, 2019).
[3] Mídia de transmissão de informações. Produtos audiovisuais disponibilizados em diferentes plataformas que podem ser ouvidas online ou baixadas. O receptor pode ouvi-lo na hora que quiser. MIRO, T. (2001). O que é um podcast? Acesso em: 16 de abril de 2019, In: www.mundopodcast.com.br.
[4] Artigo citado do Livro, “Comunicação e sociedade. Cultura, informação e espaço público”, de Lavina Madeira Ribeiro, 2004.
[5] O novo eletrodoméstico, por ser caro, permaneceu por algum tempo como privilégio das classes e camadas sociais mais elevadas.
[6] Disponível em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016.pdf/view> acesso em 20 de agosto de 2019.
[7] O salário mínimo brasileiro em 2014 era de R$724,00 reais (GUIA TRABALHISTA, acesso em:15 de abril de 2019).
[8] Na pesquisa realizada por SCHEIBE, na tese apresentada em 2016, nem todas as pessoas da mesma família pertencem à mesma religião. A maioria dos moradores da área pesquisada pertencentes à igreja CATÓLICA são NÃO PRATICANTES ou praticam muito pouco, em razão da distância das igrejas. As mais próximas são as evangélicas. Há algumas no Bairro Ipê, em Macapá/AP, os pastores vão ao conjunto e há cultos em casas de moradores (Scheibe, 2017, p.372).